Modding na Mtv

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A MTV parece que ouviu o recado e melhorou a sua programação. Criou novos programas, novos quadros e ainda mais apresentados por pessoas que entendem dos assuntos. Destacamos o MTV na Brasa, que mostra bandas nacionais alternativas sob o comando de China (músico, produtor, vocalista do interessante Del Rey, banda focada em releituras do rei Roberto Carlos), o Goo Mtv, sobre ‘tendências’ e esquisitices musicais, e o Big Audio, sobre música internacional. Mas o principal deles é o Mod Mtv.

Dia 25 de abril, às 21:15, estreou o programa. 15 minutos semanais tratando de tecnologia e suas relações com a vida das pessoas e sua interferência na cultura, na economia, na política. Desde então, três edições já foram ao ar. Bons temas: Do It Yourself, Colaborativismo e Tecnologias Obsoletas. O Mod tem como apresentador Ronaldo Lemos, referência quando o assunto é cultura digital.

Lemos, advogado e pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, é apresentador e também roteirista da atração. Grava e produz direto de Nova York, perto de Nova Jersey, onde fica a Universidade de Princeton, na qual é um dos professores convidados neste ano. No currículo de Lemos também consta a co-fundação do portal Overmundo, que recentemente lançou uma bela revista [.pdf] com matérias e artigos publicados no site.

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Área de modding na Campus Party em 2009

O nome “mod”, como já foi explicado no atualizado blog do programa, não veio do movimento mod dos anos 60, mas sim do termo Modding, uma espécie de tuning do computador que vai além da parte física. A denominação abrange dois tipos: customização de hardwares, tanto de computadores quanto de videogames; e a modificação de jogos [como Counter-Strike ou as centenas de versões de GTA] e softwares de todos os tipos.

O primeiro programa foi sobre a cultura do remix e o espírito do faça-você-mesmo, com entrevistados como o Dj Girl Talk – numa conversa por notebook – e a banda Atomic Tom. O segundo foi sobre as práticas colaborativas que a internet potencializa, como o crowdsourcing e o crowdfunding, atual (e felizmente) febre no Brasil. Por fim, pelo menos até agora, o terceiro programa falou sobre a reutilização de tecnologias obsoletas para criação de novos conteúdos, como músicas em 8 bits, e lançamento de novas bandas em formatos velhos, como nas ainda fabricáveis fitas K-7.

A próxima edição será sobre Arte e Tecnologia, mostrando artistas que trabalham a tecnologia como assunto central em suas criações. Alguns stills dos entrevistados já foram liberados na página do Facebook, como o designer Aaron Meyers, o diretor Ryan Trecartin, o artista alemão Aram Bartholl, e a curadora do Eyebeam Art and Technology Center, Amanda McDonald Crowley.

Como de praxe, subi as edições no youtube – pois sei que a MTV não costuma disponibilizar seu material de arquivo. Quem também tem feito isso, e traduzido para o espanhol, é o Partido Pirata da Argentina, especialmente Eduardo. Para fechar esse post chapa branca, uma ressalva: o programa poderia ter mais exemplos nacionais, né @ModMTV? Isso parece que fica mais claro ainda com o anúncio das atrações da próxima edição, sobre arte e tecnologia, que já tem um histórico de muitos artistas e eventos aqui no Brasil.

 

Crédito da foto: 2.

Elenco, Teste de. Distribuição: internet (somente)

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“O primeiro longa brasileiro lançado diretamente na internet” foi o slogan que chamou atenção para o filme “Teste de Elenco”. Disso, conferi a produção de 1 hora e 7 minutos que conta a sugestiva história de um diretor que recebe candidatos a um papel num filme – nada mais é dito sobre a produção, apenas o nome das personagens: Fábio e, mais tarde, Letícia.

A primeira impressão que se tem é a de que estamos assistindo as gravações de entrevistas do diretor com várias mulheres, o que é ressaltado pela edição alternada das imagens. Aos poucos dá pra perceber que é a conversa, num único espaço, de duas personas, com a diferença de que estas são interpretadas por mais de vinte atores. E sobra até para o roteiro se dividir quando três piadas são contadas ao mesmo tempo.

O longa-metragem é de responsabilidade da Fondo Filmes – produtora carioca de cinema e TV. Desde 27 de fevereiro de 2010, eles também produzem o site de comédia Anões em Chamas, lugar de postagem de diversos videos – destaque para as séries “Amanda”, menina meiga que dá dicas para agradar o namorado violento, e as “Histórias para nanar”, versões leves de histórias pesadas, além de muitos outros.

Lançado no site do Anões em Chamas no último 23 de março, “Teste de Elenco” é mais uma tentativa de buscar saídas ao nosso velho sistema de distribuição de cinema – tipo de experiência já feita por filmes como Bubble (de 2006), Carreiras e 3 Efes (ambos de 2007), lançados em múltiplas plataformas (cinema, TV, DVD e internet). Ou, ainda, pelo Mobz, um site em que as pessoas podem ajudar a fazer com que determinado filme seja distribuído na sala de cinema da sua cidade apenas “demandando” o filme através de um botão (veja lá como funciona direitinho; é como um crowdfunding aplicado à distribuição de cinema).

A novidade no caso do “Teste de Elenco” é que o longa foi somente lançado na internet, numa experiência que se apresenta como uma das pioneiras no Brasil. Um pouco sobre a produção tu pode conferir abaixo na entrevista realizada por e-mail com Osíris Larkin, diretor do filme a lado de Ian SBF. Ao fim do post, dê uma olhada no filme, que tem Fábio Porchat e Talita Werneck nos papéis principais.

De onde surgiu a ideia para o Teste de Elenco?
A idéia original foi do Ian, em meados de 2008, que pensou no conceito de fazer um filme com vários atores fazendo o mesmo papel.

Qual o orçamento? Foi pago com algum patrocínio ou com dinheiro próprio?
Na verdade não teve orçamento. A gente foi pagando o que não dava pra conseguir de graça. A produção começou em Setembro de 2008 quando eu, Ian, e o Gustavo começamos a escrever o roteiro. Depois disso eu e Ian nos organizamos e fomos produzindo, com uma grande ajuda do nosso protagonista Fábio Porchat.

Parece que foram filmadas várias vezes com o mesmo roteiro e vocês editaram com os melhores trechos. Foi isso que aconteceu?
Na verdade a gente separou o roteiro em partes e demos certas partes pra cada ator encenar. Escolhemos os trechos pensando nas características de cada ator, pensando em qual parte eles melhor representaríam. Apenas o Fábio e a Talita encenaram o roteiro completo. Eram nossas âncoras.

Por que a distribuição apenas na internet?
Porque hoje em dia a internet é a ferramenta mais usada e conveniente para o espectador. Com ela nós sabiamos que o filme seria muito mais visto do que se lançassemos nos cinemas ou em quaquer outro lugar. Tivemos mais publico em 2 semanas do que muitos filmes por aí.

Por que não disponibilizaram para download?
Porque queremos que as pessoas visitem nosso site: http://www.anoesemchamas.com.br

Vocês não acham que algumas pessoas podem dar um jeito de baixar do streaming? Não duvido nada, mas isso não é problema.

E tambem não facilitaria pra quem tem uma velocidade conexão baixa? Talvez, mas aí elas também teriam que esperar enquanto o filme baixa. Deixa ele “buffering” por um tempinho que funciona.

O player de vocês também não permite que se possa ir para determinado trecho do filme, pretendem corrigir isso? O player ainda está sofrendo alterações.

Alguma distribuidora ou canal de tv (Multishow, por exemlpo) já entrou em contato com interesse para distribuir, promover e/ou exibir o filme?
O Canal Brasil mostrou interesse, mas não conseguimos chegar a um acordo.

Qual o tamanho da equipe de vocês, pelo menos dos redatores/administradores já que os atores não são fixos? Atualmente temos uma equipe de 7 pessoas no Anões.

Numa recente matéria do jornal O Globo vocês disseram que pretendem abrir o site para videos de outros autores. Quais videos de outros já postaram? As séries Birizon (na verdade um curta dividido) e PTEC do diretor Pedro Carboni. Por enquanto não recebemos outras obras, mas se gostarmos da obra continuaremos à postar.

O que vocês pensam sobre o audiovisual brasileiro na internet?
Ainda está se desenvolvendo. Acho que está começando a ser levado um pouco mais a sério, mas ainda falta visão na parte das grandes marcas, exibidores, e produtores brasileiros para acreditar que a internet é um dos, senão o, melhor veículo para a comercialização de produtos e principalmente de descoberta de novos talentos.